SILVANA PAGANO
( Minas Gerais – Brasil )
Silvana de Almeida Pagano - Nasceu e vive em Belo Horizonte – MG. Graduada em Letras pela UGMG e Professora. Educadora Ambiental e Especialista em Ensino de Astronomia. Trabalha na biblioteca de uma escola da Rede Municipal de Ensino.
ANTOLOGIA ME 18. Mulheres Emergentes. Belo Horizonte: Anome Livros, 2007. 112 p. 14 x 205 cm Ex. bib. Antonio Miranda
O MAR
Há em mim
algo que estranho
e entendo.
A água de minhas veias
unida ao vermelho sangue
não é insípida.
Ao contrário.
Salgada, arde e fere,
cura e alimenta,
comporta cardumes de peixes
bichos enormes, algas e arraias.
E quando as ondas
batem fortes,
ecoam, inundam e lavam,
me transbordo
deixando um rastro
de força,
confiança e espanto.
O VENTO
Balançar os cabelos da menina,
acariciar a pele dos homens,
sussurrar delícias aos apaixonados.
lançar a voz até o outro...
Sustentar os pássaros
e o canto dos pássaros.
Refrescar o calor da noite,
suprir o outono de encantamento
Mudar completamente!
Transformar a paisagem,
ferir com um grito
velhos amores.
Destelhar abrigo inseguro,
partir fios, galhos e flores.
Sou como o vento.
Ante o estabelecido
provoco movimento.
HOMEM EM PRETO E BRANCO
Vários são os tons
verdes das folhas
a desafiar
o carmim das rosas.
Muitos são os azuis.
Do céu,
dos olhos,
do mar.
Azuis embaçados de luar.
Infinitos são os laranjais
e as caldas amarelas
junto ao Sol que acorda,
a inundar o mundo
a romper aurora.
Mas nada,
coisa alguma existe,
que em mim desperte
maior desejo
que o leito morno
da sua pele branca
a tingir-se do negro
de seus pelos fartos.
Ninguém mais sob meu teto
ou nesse mundo manco
Apenas um homem
em preto e branco.
*
VEJA e LEIA outros poetas de MINAS GERAIS em nosso Portal:
http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/minas_gerais/minas_gerais.html
Página publicada em abril de 2022
|